Você sabia que a hipertensão arterial é a complicação médica mais comum durante a gestação? Trata-se, portanto, da primeira causa de morte materna direta no Brasil, ocorrendo em 37% dos casos, segundo um artigo da SciELO. Além disso, é a principal causa de mortalidade gestacional (da mãe e do bebê) e perinatal — fase que começa na 22ª semana de gestação (154 dias) e acaba após sete dias do nascimento.
Essas informações nos alertam à importância de medir a pressão na gestação — na periodicidade indicada pelo médico que acompanha a gestante.
Neste post, falamos sobre a necessidade de aferir a pressão durante a gravidez, quais são os riscos da hipertensão nessa fase, a frequência das medições e, finalmente, as formas de controlar a pressão arterial na gestação. Confira!
Por que é importante medir a pressão durante a gestação?
O motivo primordial para medir a pressão na gravidez foi apontado no início do texto: a hipertensão é a principal causa de morte na gestação. Existe até um nome para esse problema: doença hipertensiva específica da gravidez, que pode acontecer até em quem nunca teve pressão alta, nem na primeira gravidez (se for o caso).
Além da hipertensão poder surgir pela primeira vez na gestação, ela pode se agravar nesse período — por isso, o médico afere a pressão da gestante a cada nova consulta. Cabe salientar que os principais sintomas da hipertensão arterial — que costumam aparecer juntos — são:
- taquicardia (batimento cardíaco acelerado);
- visão dupla ou embaçada;
- dor de cabeça;
- dor na nuca;
- zumbido;
- tontura.
Quais são os riscos da pressão alta na gravidez?
Confira todos os riscos da hipertensão arterial durante a gestação.
Pré-eclâmpsia
A pré-eclâmpsia é uma condição que costuma surgir depois da 20ª semana de gestação. Os sintomas principais são: pressão arterial acima de 140/90 mmHg e proteinúria (presença elevada de proteínas na urina).
Embora não apareçam em todas as mulheres, os seguintes sintomas podem se manifestar:
- inchaço pelo acúmulo de líquidos nos tecidos;
- dor de cabeça e abdominal;
- visão embaçada ou turva.
Além disso, é possível que a gestante apresente alterações nos exames de função renal e hepática, e no número de plaquetas no sangue.
Eclâmpsia
A eclâmpsia acontece quando a pré-eclâmpsia não é controlada. Os sintomas são repetidas convulsões, que podem levar ao coma e à morte. A eclâmpsia pode acontecer durante a gravidez, no momento do parto e no puerpério imediato — logo após o nascimento do bebê.
Complicações no parto
Se a hipertensão evoluir para a pré-eclâmpsia ou a eclâmpsia, podem ocorrer complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Entre os principais problemas, estão:
- síndrome HELLP — destruição das hemácias, elevação das enzimas do fígado e diminuição das plaquetas no sangue;
- nascimento prematuro, com possíveis sequelas irreversíveis;
- edema pulmonar (acúmulo de líquido);
- insuficiência do fígado e dos rins;
- hemorragias na mãe.
Hipertensão crônica
Essa condição acontece se a pré-eclâmpsia afetar mulheres que já tiveram episódios de hipertensão durante a vida ou se a pressão alta na gestação teve início antes das 20 semanas de gestação. Nesses casos, as chances da mulher desenvolver hipertensão crônica são muito maiores.
Quando a pressão está acima de 140/90 mmHg, sobretudo se a mulher teve pressão alta, o médico deve ficar em alerta e fazer o acompanhamento adequado — principalmente se a gravidez já estiver no final do segundo trimestre.
Infarto na gravidez
Na gravidez, pressão alta e infarto são uma combinação possível, sobretudo se o quadro não estiver controlado. A gestante que desenvolve hipertensão arterial crônica tem mais chances de infartar, além de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além disso, pode acontecer o nascimento prematuro.
Qual é a frequência ideal das medidas da pressão na gravidez?
Quando aferimos a pressão arterial, aparecem dois números: o primeiro é a pressão sistólica (maior valor), e o segundo é a diastólica (menor valor). Para a gravidez, a que mais importa verificar é a diastólica.
Por meio de um aparelho de pressão digital de pulso, é interessante fazer a medição pelo menos duas vezes na semana. Se a pressão diastólica estiver alta, os cuidados na gravidez precisam ser redobrados, e será preciso seguir as orientações médicas.
Como controlar a pressão arterial na gravidez?
Se a pressão diastólica da gestante estiver alta com muita frequência, o médico que acompanha a gestação deve fazer algumas recomendações fundamentais, como:
- ingerir ingredientes ricos em ácido fólico (como folhas verdes-escuras e grãos integrais), pois ajudam na atuação dos vasodilatadores;
- aumentar a ingestão de líquido;
- seguir uma dieta balanceada, sem alimentos salgados e temperos fortes;
- evitar preocupações, ansiedade e estresse;
- repousar o máximo possível.
É importante ressaltar que, sozinhas, essas medidas podem não ser suficientes para diminuir a pressão alta na gravidez, mas auxiliarão no controle da situação. Se as instruções médicas não forem suficientes para controlar a hipertensão, o profissional poderá prescrever medicamentos anti-hipertensivos. Vale ressaltar que nunca devemos nos automedicar.
Os cuidados devem ser redobrados para as mulheres que já eram hipertensas antes de engravidar, pois é comum que elas tenham uma piora drástica durante a gestação. Além de serem acompanhadas pelo obstetra, é preciso que essas gestantes se consultem periodicamente com um cardiologista.
O controle alimentar e do ganho de peso precisam ser ainda mais rígidos. Além disso, o medicamento que a gestante faz uso pode precisar ser trocado para um que possa ser utilizado durante a gestação. Se esse for o caso, vale a pena conversar com o obstetra para descobrir qual fármaco é mais indicado.
É importante salientar que a gravidez tardia é forte alvo da hipertensão gravídica — mesmo nas mulheres que nunca apresentaram aumento na pressão arterial. Dados indicam que 14,6% das mulheres com mais de 40 anos apresentam pressão alta na gestação.
Uma última dica fundamental é saber diferenciar a pressão alta da baixa. Como descobrir? Neste link: hipertensão e hipotensão.
Agora você já sabe quando medir pressão durante a gestação, os riscos da pressão alta nessa fase e como controlar a pressão arterial na gravidez corretamente.
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