Os cuidados com o trato respiratório são procedimentos úteis para a saúde de todos. Contudo, quando nos referimos a pacientes com doenças respiratórias, os procedimentos ganham ainda mais relevância, além de se tornarem mais específicos. A inaloterapia é um bom exemplo no caso de tratamento de doenças respiratórias.
Trata-se de um procedimento que pode ser feito em casa, embora envolva uma série de etapas e materiais de qualidade. De modo geral, quando o assunto é saúde, não se deve arriscar comprando equipamentos considerando apenas custo mais baixo. Uma dica, nesse caso, é procurar a opinião de médicos, enfermeiros e técnicos antes de comprar.
Se você está à procura de informações sobre inaloterapia, é bem provável que precise desse tratamento ou queira proporcionar mais saúde e bem-estar para pessoas queridas que necessitam dele. Para ambos os casos, reunimos neste post tudo que você precisa saber sobre a inaloterapia, tudo bem? Continue e tire suas dúvidas!
O que é inaloterapia e qual é a sua importância?
A inaloterapia é um método terapêutico que umidifica as vias respiratórias e fluidifica secreções da mucosa para facilitar a respiração e, assim, ajudar no tratamento médico de adultos, crianças e idosos que sofrem com doenças pulmonares. O método baseado na inalação permite ainda a administração de medicamentos.
A indicação do tratamento é feita para pacientes em ambulatórios e de pronto atendimento, internados ou com prescrição médica. Por outro lado, a inaloterapia é contraindicada no caso de pacientes com queimaduras ou traumas no rosto. O procedimento pode ser feito da maneira simples ou mais invasiva, dependendo da avaliação médica com antecedência.
Quando o estado do paciente não é grave, a inalação pode ser feita através de máscaras inalatórias (maneira mais simples). Em casos de maior gravidade, a inaloterapia requer mais cuidados e treinamento dos profissionais de saúde (maneira mais invasiva). Esse último caso acontece geralmente com pacientes ligados a um respirador mecânico (intubados) ou tranqueostomizados.
Os problemas de saúde que aumentam a quantidade de secreções no trato respiratório tendem a dificultar bastante a respiração e prejudicar a qualidade de vida, como são os casos da asma, bronquite crônica, gripe ou pneumonia. Com o tratamento da inaloterapia, o paciente libera suas vias respiratórias do muco mais espesso que dificilmente é expelido pela tosse e, dessa forma, sente um alívio na respiração e melhora sua qualidade de vida.
Como ela funciona?
A inaloterapia pode ser realizada em casa, tanto no caso de adultos e crianças quanto no de idosos, de acordo com a orientação médica. O envelhecimento favorece o acúmulo de secreções no trato respiratório: nesse momento, a falta de hidratação adequada pode deixar o muco mais espesso e dificultar ainda mais a respiração.
Existem algumas etapas a serem seguidas e materiais indispensáveis para a realização do procedimento. No geral, os materiais necessários para a inaloterapia são estes:
- solução nebulizadora (de acordo com a prescrição médica);
- seringa para medir doses (quando é necessário administrar medicamentos);
- nebulizador com máscara;
- bandejas;
- oxigênio;
- luvas de procedimento;
- papel toalha;
- escarradeira (recipiente para o indivíduo cuspir a secreção respiratória);
- toalhas ou lenços;
Selecionados todos os materiais necessários, é importante seguir alguns procedimentos junto à pessoa que passará por esse processo. Na maioria dos casos, as recomendações iniciais para os responsáveis por coordenar o procedimento são lavar bem as mãos, conferir a solução preparada de acordo com a prescrição médica e organizar os materiais sobre a bandeja.
Em seguida, é importante dar os seguintes passos:
- insira a solução no copo dosador e conecte este à máscara de inalação;
- confira a medida correta antes de administrar o medicamento;
- oriente a pessoa quanto ao procedimento;
- deixe a pessoa sentada com tronco e cabeça alinhados (nem muito para os lados, para frente ou para trás);
- coloque a máscara de forma confortável na face da pessoa, de modo que ela preencha a boca e o nariz — caso a máscara não fique bem acoplada, as partículas se perdem no ar antes de serem inaladas;
- peça para a pessoa permanecer com a boca sempre aberta durante o procedimento e inspire profundamente;
Feito isso, basta esperar o término de todo líquido inalado. Assim que o procedimento for finalizado, recolha os materiais e volte a lavar as mãos. No total, cada seção dura entre 10 e 20 minutos, mas é preciso esperar o líquido acabar. O mesmo procedimento normalmente é realizado duas a três vezes ao dia, mas, em casos graves, pode chegar a ser feito até cinco vezes, de acordo com a indicação médica.
Vale ressaltar que o inalador não deve ser compartilhado para evitar a transmissão de bactérias, vírus e outros microrganismos prejudiciais à saúde. Após as etapas da inaloterapia, é importante lavar o kit de materiais usado no procedimento. Inclusive, ainda neste post, você verá algumas dicas para garantir a higienização completa.
Como a inaloterapia ajuda no tratamento de doenças respiratórias?
Todos estão suscetíveis à contaminação das doenças respiratórias, pois nossas vias são expostas diariamente a uma variedade imensa de partículas e agentes perigosos. São ácaros, fungos, vírus e outros agentes que trazem consigo uma série de sintomas desconfortáveis e podem gerar problemas de saúde mais sérios com o tempo.
Os distúrbios que afetam as estruturas do sistema respiratório, como a asma, a bronquite e a sinusite, são combatidos com inúmeros tratamentos médicos e caseiros. As melhores soluções são sempre indicadas de acordo com o diagnóstico e grau de acometimento do paciente, e as sessões de inaloterapia são úteis em boa parte dos quadros clínicos.
Em tratamentos nos quais os médicos recomendam a inaloterapia, as finalidades do procedimento são estas:
- fluidificar as secreções das vias respiratórias para facilitar sua remoção;
- umedecer o trato respiratório para evitar e tratar desidratação das mucosas;
- aliviar processos obstrutivos, congestivos e inflamatórios;
- administrar medicamentos broncodilatadores ou anti-inflamatórios para melhorar a função respiratória;
A inaloterapia acelera o processo de recuperação do paciente que sofre com alguma doença respiratória. Dependendo do diagnóstico e da avaliação medica, é comum que o procedimento seja acompanhado de outras formas de tratamento, como medicamentos orais para aliviar sintomas, práticas caseiras e mesmo fisioterapia.
Quais cuidados devem ser tomados na inaloterapia?
Para que a inalação tenha resultados significativos com o passar do tempo, vale a pena adotar alguns cuidados extras. É importante ter muita atenção a todas as etapas do procedimento para aproveitar todo o seu potencial e evitar transmissões de vírus, bactérias, entre outros agentes danosos à saúde. Veja nossas sugestões de segurança a seguir.
Usar itens adequados
Antes de realizar a inaloterapia, certifique-se de que possui todos os itens adequados. Como vimos mais acima, a lista de equipamentos necessários para o procedimento é grande. Por isso, é importante ter um cuidado maior com os itens pequenos, que podem fazer toda a diferença para os resultados que a inaloterapia pode desempenhar no tratamento.
Por exemplo, as bandejas são necessárias para toda a organização dos demais itens que são usados no procedimento. As luvas, que podem ser de diversos materiais, são exigidas para o correto manuseio dos itens de risco e administração da medicação.
Outro item que, apesar de simples, não pode ficar de fora do procedimento é o papel toalha. Se as luvas protegem as mãos, o papel toalha serve naquele momento para enxugar excessos de líquidos nos equipamentos ou até no rosto da pessoa que está realizando a inaloterapia.
Higienizar os equipamentos
Antes e depois a secção de inaloterapia, é recomendada a higienização de todos os equipamentos que fazem parte do seu conjunto: copinho dosador, tubo e máscara. A primeira etapa é lavar os materiais com água, sabão e/ou detergente neutro. Esse cuidado vai facilitar todo o processo de esterilização.
Em seguida, para realizar a esterilização, é permitido usar água sanitária para desinfetar os materiais. Basta deixar os itens dentro de um recipiente plástico com uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água, durante cerca de 30 minutos. É importante ter cuidado para não deixar o conjunto de materiais dentro da solução por muito tempo.
Depois de alguns minutos, tire e enxágue com água da torneira de forma abundante. Feito isso, seque os materiais e guarde-os em um recipiente com tampa, previamente lavado com água e sabão. Forre o fundo com papel toalha e troque sempre que usar os materiais.
Outra opção para a esterilização é usar o hipoclorito de sódio a 2%, muito indicado para desinfetar artigos por apresentar baixo custo, fácil manuseio, baixa toxicidade e forte ação antimicrobiana. Para nebulizadores, a recomendação é aplicar 5000 ppm (0,5%) de cloro ativo durante 30 minutos.
O hipoclorito de sódio a 2% deve ser diluído da seguinte forma: um litro da substância para cada três litros de água. Os materiais que precisam ser desinfetados devem ficar totalmente submersos. Evite usar recipientes metálicos e dê preferência para os de plástico, tendo em vista o poder oxidante de soluções desinfetantes.
Além disso, certifique-se de que o recipiente tenha uma tampa para que seja vedada toda sua superfície. Assim, não ocorre a volatização do produto químico e o comprometimento da desinfecção.
Conferir a prescrição médica
É fundamental seguir todos os passos da prescrição médica, principalmente quando a inalação envolve a administração de medicamentos. De acordo com o que foi especificado, reúna os materiais com antecedência e deixe tudo organizado para iniciar o procedimento.
No geral, todo o tratamento deve ser feito de acordo com a prescrição médica. O cuidado com a pessoa deve se transformar em atenção a todas as particularidades que ela precisa para sua recuperação.
Garantir a melhor posição para o procedimento
Certifique-se de que a pessoa que passará pela inaloterapia esteja em uma posição reta e confortável, com a cabeça alinhada ao tronco. Se a cabeça estiver excessivamente caída para trás, é bem provável que a deglutição da saliva fique prejudicada. Você pode usar almofadas e travesseiros para deixá-la na melhor posição.
Se a pessoa estiver acamada, é preciso elevar sua cabeça durante a realização da inaloterapia. Assim, não se corre o risco de o líquido derramar e prejudicar a eficácia da inalação. Para que isso não aconteça, também é importante realizar o procedimento quando a pessoa estiver acordada e atenta.
Ter cuidados extras na pandemia
Os cuidados com a inaloterapia cresceram por conta da pandemia de Covid-19, tanto no caso de cuidadores de idosos e enfermeiros quanto no de parentes que realizam o procedimento. É importante dar atenção, por exemplo, ao ajuste completo da máscara facial usada pelo paciente durante o procedimento.
A má colocação da máscara, além de resultar na perda da medicação pelo espaço deixado, também aumenta o risco de contaminação pela dispersão das particulas no ambiente, o que se tornou ainda mais perigoso com a pandemia.
Quanto aos responsáveis por coordenar todas as etapas da inaloterapia, é importante o uso de máscaras cirúrgicas e óculos, que precisam ser higienizados antes e depois de cada procedimento.
Quais são os principais tipos de dispositivos para a inaloterapia?
Há vários tipos de dispositivos usados para administração de medicamentos para o sistema respiratório, cada um com suas especificidades e vantagens. Cada sistema tem suas técnicas de utilização, embora normalmente sejam recomendados o mesmo tipo de dispositivo inalatório para os diferentes fármacos usados em um tratamento.
Abaixo, conheça um pouco sobre as características e funcionalidades dos quatro principais dispositivos inalatórios.
Inaladores pressurizados dosimetrados
Os inaladores pressurizados dosimetrados, os pMDI (pressurized Metered Dose Inhaler) – também conhecidos por “bombinhas”, são dispositivos de pequenas dimensões, que liberam uma dose fixa de fármaco por meio de uma válvula de dose calibrada. É o tipo mais prescrito para ambientes hospitalares e domésticos.
Alguns pMDI apresentam indicador de doses, enquanto outros têm apenas uma referência ao número total de doses contidas, o que pode dificultar a avaliação de quando o líquido está acabando.
O uso de espaçadores contribui no uso dos pMDIS, tanto por minimizar a inalação e ingesta de partículas maiores não respiráveis (que ficam retidas no espaçador), como no auxílio a pacientes pediátricos ou idosos que não conseguem coordenar o acionamento do dispositivo e a inalação do medicamento – podendo realizar respirações em volume corrente através do espaçador.
Alguns erros que não podem ser cometidos no uso de inaladores pressurizados dosimetrados são:
- não retirar a tampa;
- não agitar o equipamento;
- e fazer a inalação muito lentamente ou muito rapidamente.
Inaladores de pó seco
Os inaladores de pó seco, também conhecidos como os DPI (Dry Power Inhaler), são dispositivos pequenos e facilmente transportáveis. A maioria dos DPI apresentam fármaco sob a forma micronizada: misturado com partículas maiores, os chamados transportadores, que evitam a agregação, ajudam na dispersão e aumentam o fluxo.
Nesse tipo de dispositivo, a desagregação do pó para se atingir partículas inaláveis depende da inspiração de quem passa pelo procedimento. A inspiração deve ser profunda e rápida desde o início.
Inaladores de névoa suave
Os inaladores de névoa suave, também conhecidos como SMI (Soft Mist Inhaler), são fáceis de manusear e usam energia mecânica para gerar a nuvem de aerossol, por meio de um sistema de mola que já está nele incorporado.
Quando o inalador é acionado para a liberação da dose, o sistema de mola se comprime, produzindo dois jatos que se convergem para gerar uma nuvem de fármaco. A nuvem é liberada de forma lenta, com longa duração, para aumentar a quantidade de medicamento que é depositada nas vias respiratórias do paciente.
Nebulizadores
Os nebulizadores são dispositivos capazes de converter soluções aquosas em forma de aerossol de partículas com diferentes dimensões. Existem vários tipos de sistemas de nebulização que se diferem a partir da maneira como produzem o aerossol, sendo recomendados de acordo com o diagnóstico do paciente e com o tipo de medicamento necessário. A vantagem desse tipo de dispositivo é a eficácia na inalação de diferentes fármacos.
Quais são os benefícios da inaloterapia?
Agora que você sabe como funciona o processo da inaloterapia, os materiais necessários e os cuidados que não podem ficar de fora do procedimento, reunimos logo abaixo os seus principais benefícios. Veja como a inaloterapia ajuda a combater consequências muito prejudiciais à respiração.
Alívio do edema (inchaço) da mucosa
As mucosas revestem as cavidades úmidas do corpo, em contraste com as superfícies secas da pele. Encontramos essas regiões ao longo do tubo digestivo, trato urinário, nas vias respiratórias (nariz, garganta e pulmões) e órgãos genitais. Edema ou inchaço das mucosas pode estar relacionado a várias doenças. No trato respiratório, o edema pode resultar numa dificuldade na passagem do ar em qualquer sítio (desde o nariz até os alvéolos pulmonares).
A inaloterapia, juntamente com as lavagens nasais com soro fisiológico, representam um dos procedimentos mais comuns para o tratamento desse tipo de cenário.
Redução ou eliminação do broncoespasmo
Outro benefício da inaloterapia são as vantagens para pacientes que sofrem com broncoespasmos. Trata-se de um fenômeno caracterizado pelo fechamento das vias aéreas pela contração dos músculos (espasmo) localizados nos brônquios, por onde o ar é transportado e chega até os pulmões. Na maioria das vezes, não é uma causa única dos problema de saúde, pois doenças respiratórias podem provocar o fechamento das vias respiratórias por outros mecanismos, como edema da mucosa e inflamação das vias aéreas.
Contudo, o fenômeno é mais comum no caso de pessoas que sofrem de doenças pulmonares com características mais obstrutivas, como enfisema pulmonar e asma. Para o tratamento de alívio da obstrução, recomenda-se o uso de medicamentos broncodilatadores inalatórios. Em situações em que o processo inflamatório contribui de forma importante para o fenômeno (como na asma), recomenda-se tratamento concomitante com corticosteroides por via inalatória, oral ou intravenosa.
Para prevenir o surgimento dessa condição de saúde, é fundamental buscar tratamento médico para doenças respiratórias, pois são manifestações preveníveis com tratamento adequado.
Redução do processo inflamatório
A inflamação das vias respiratórias é um dos primeiros sinais das doenças respiratórias, como resfriado, gripe, laringite, asma e bronquite crônica. No entanto, abordagens de tratamento do processo inflamatório são mais importantes quando há um processo crônico (asma e bronquite crônica) ou quando há obstrução mais grave da passagem do ar (laringite).
A inaloterapia está entre os procedimentos de tratamento mais eficazes para os processos inflamatórios mais significativos. Nesses casos, é comum a administração de corticoesteroides por via inalatória, com ação anti-inflamatória e antiexsudativa, de acordo com o diagnóstico e orientação médica. Se a inflamação não estiver relacionada a doenças mais importantes do sistema respiratório, a recuperação pode ser rápida e espontânea, como nas gripes e resfriados.
De todo modo, a melhor aliada contra processos inflamatórios que atingem as vias respiratórias é a prevenção. É importante não permanecer em locais úmidos por muito tempo ou com excesso de mofo ou poeira, além de lavar as mãos após o contato com pessoas infectadas para evitar qualquer tipo de contaminação.
A inaloterapia é uma solução recomendada para pessoas de todas as idades com algum problema respiratório. Contudo, para que ela tenha os resultados esperados, é indispensável que o paciente seja avaliado pelo médico. Dessa forma, o médico poderá indicar os melhores equipamentos, informar as especificidades de cada tratamento e definir os passos a serem seguidos pelo profissional responsável.
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