Embora a consulta médica seja o método mais utilizado para medição, diagnóstico e acompanhamento da hipertensão, é comum ocorrer erros nessa forma de mensuração, quando são considerados apenas os dados obtidos casualmente em consultório, devido à variação da pressão. Nesse sentido, a automedida da pressão arterial (AMPA) pode ser um importante complemento para a confirmação e tratamento da doença.
O surgimento de monitores de pressão digitais, que podem ser aplicados pelo paciente em seu domicílio, tem ajudado muito a obter novas informações para acompanhar e controlar a pressão arterial. Neste artigo, vamos explicar o que é a automedida da pressão arterial, os tipos de monitorização empregados, a importância deles e como fazê-los. Continue a leitura para saber mais!
O que é a automedida de pressão arterial?
Assim como hipertensão e atividade física se relacionam em benefício do controle da doença, a automedida também apresenta papel essencial nesse sentido. Ela se refere à mensuração da pressão arterial feita em casa pelo paciente ou cuidador e não exige obediência a um protocolo específico.
A automedida da pressão arterial, ou simplesmente AMPA, recebe grande destaque na última Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (DBHA2020), publicada em novembro de 2020, e populariza seu uso pela praticidade e pelo “novo normal” imposto pela pandemia que vivemos.
Essa maneira de aferir a pressão arterial está se tornando muito popular e ganhando mais adesão entre as pessoas que necessitam fazer tal controle. Os principais fatores que contribuem para essa tendência são a confiabilidade e a facilidade proporcionadas pelos aparelhos destinados a esse fim.
Quais são os tipos de monitorização?
A automedida da pressão arterial (AMPA) é realizada ocasionalmente (ou diariamente) pelo paciente e não necessita atender a nenhum protocolo. Ela é feita por decisão do próprio usuário ou em atendimento à solicitação médica, podendo ser efetuada com um monitor de pressão arterial de boa qualidade e confiável nos resultados.
Além desse método, há a monitorização residencial da pressão arterial (MRPA), que é um exame complementar efetivado pelo paciente ou pessoa capacitada, utilizado para registrar as medidas fora do ambiente de consultório. Para isso, é necessário um equipamento validado e calibrado, em funcionamento por um determinado período e de acordo com um protocolo estabelecido.
Por que fazer a automedida?
A automedida da pressão arterial é importante para ajudar no acompanhamento dos níveis arteriais do paciente, podendo ser útil para diagnosticar a hipertensão. Além disso, ela auxilia na redução de erros e/ou vieses de quem observa e elimina o efeito da síndrome do jaleco branco.
Essa síndrome consiste no aumento da pressão arterial do paciente, devido à ansiedade que pode ser experimentada na presença do médico ou até mesmo pela simples aproximação ao consultório. Dessa forma, a automedida serve para obter o comportamento da pressão arterial em ambiente domiciliar, onde a pessoa se encontra mais tranquila e relaxada, já que a hipertensão tem relação direta com o aspecto emocional.
Os principais benefícios da automedida são o controle e a obtenção de um acompanhamento mais frequente. Tais aspectos também são importante para o aumento da adesão ao tratamento da hipertensão.
Como fazer a automedida?
Para fazer a automedida, em primeiro lugar, tenha um medidor confiável de pressão arterial. Para isso, ele deverá ser eletrônico, validado e com certificação do INMETRO. Preferencialmente, utilize equipamentos de braço.
A automedida da pressão arterial (AMPA) deve ser concretizada em condições normais do cotidiano, evitando realizá-la em situações de estresse, dor, entre outros incômodos que podem interferir nos valores. Além disso, é preciso verificar se as diferenças nos resultados das aferições entre os braços esquerdo e direito são insignificantes.
Caso contrário, é importante efetuar a medição em ambos os braços ou, pelo menos, no que apresenta leituras mais altas. Se o aparelho obter a pressão pelos punhos, é preciso consultar a orientação do fabricante.
Na posição sentada, com o braço apoiado e relaxado, após pelo menos 3 minutos de repouso faça 2 ou 3 medidas da pressão arterial, com o intervalo de 1 minuto entre elas. Devido à variabilidade da pressão arterial, os valores raramente serão os mesmos, anote todos os dígitos (não faça arredondamentos). Faça o conjunto de 7 medidas, no intervalo mínimo de 16 horas e máximo de 3 dias.
Utilize a mediana da pressão arterial, isto é, exclua os 3 valores mais baixos e os 3 mais altos, o valor da AMPA será a medida que sobrar (mediana).
Deve-se evitar realizar a medida da pressão arterial em situações de estresse e ansiedade, após as refeições (120 minutos), exercício físico (< 60 minutos), uso de cafeína e de álcool. Caso esteja com a bexiga cheia é importante esvaziá-la.
Caso o paciente utilize medicação para a pressão arterial, é fundamental a medida antes de tomar o remédio.
Como se vê, para medir a pressão arterial de maneira correta, é necessário observar alguns cuidados, como horários, posição do corpo em relação ao equipamento, tipo de aparelho a ser utilizado e alimentos a serem evitados antes da verificação da pressão, conforme comentaremos, a seguir.
Horários
Os horários mais indicados são pela manhã, logo ao acordar e no início da noite, já que esses são os períodos em que a pressão não se eleva devido a reações hormonais no organismo.
Posição do corpo
A postura corporal durante a medição é muito importante e pode interferir nos resultados. A posição correta é a sentada, com as costas eretas, apoiadas em uma cadeira e os dois pés no chão. A braçadeira deve ser colocada no braço esquerdo, sem deixar folgas, e o membro deve ficar relaxado, apoiado em uma superfície e elevado na altura do coração, com a palma da mão para cima.
Quando a braçadeira começar a inflar, é importante manter-se relaxado, não falar nem movimentar o braço. Nos casos de pacientes diabéticos e idosos, é comum o médico solicitar a aferição da pressão arterial nas posições em pé e sentada. O objetivo é avaliar alterações e possíveis quedas de pressão arterial quando a pessoa se encontra em pé, para um ajuste correto da medicação.
Tipo de equipamento
A maioria dos equipamentos é bastante simples de usar, bastando apertar um botão para iniciar a medição. Mas a escolha do monitor de pressão arterial (esfigmomanômetro) é fundamental para a realização correta da automedida. Os modelos automáticos e digitais são os melhores, porque apresentam mais exatidão e qualidade. Mas, além desse aspecto, é preciso verificar se o equipamento de pressão tem certificação do Inmetro.
Alimentos evitados antes da automedição
Assim como há alimentos para hipertensão, que ajudam no seu controle, existem também comidas, bebidas e hábitos que devem ser evitados, de meia a uma hora antes da verificação da pressão, como o café e o cigarro, pois ambos aumentam a pressão arterial e afetam os resultados.
Repetição da automedição
Caso o monitor acuse uma elevação nos valores da pressão, o ideal é repetir a automedida por mais duas vezes em cada braço, com um intervalo de um minuto. O resultado a ser considerado deve ser a média das últimas duas medições.
Leitura dos números da medição
Os números da pressão arterial podem ser observados quando a braçadeira termina de desinflar. O equipamento emite uma sequência de algarismos no monitor. Normalmente, o primeiro em cima se refere à pressão máxima (sistólica), como o “12”, da conhecida medida de pressão considerada normal (12 por 8). O segundo número aparece embaixo e aponta a pressão mínima (diastólica), que é correspondente ao “8” do exemplo.
Em geral, os aparelhos mostram os resultados com três dígitos, como 117 por 90 mmHg . Nesse caso, é possível anotar o número assim mesmo ou colocar uma vírgula antes do último algarismo (11,7 por 9). Além dessas medidas, em alguns aparelhos pode constar outro valor referente à frequência cardíaca que informa a quantidade de batimentos cardíacos por minuto.
Como vimos, a automedida é um controle do comportamento da pressão arterial, feita em domicílio pelo paciente ou seu cuidador. Para realizá-la corretamente, é fundamental contar com um medidor de pressão arterial de qualidade, a fim de conseguir precisão nos resultados. Além disso, é muito importante ter um acompanhamento médico e não se autodiagnosticar.
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