A COVID-19 é uma infecção respiratória provocada pelo novo coronavírus, descoberta na China após diversos casos identificados em dezembro de 2019. Devido à sua grande capacidade de contaminação, a doença se transformou em uma pandemia que pode levar ao óbito. Nesse sentido, o uso de nebulizador deve ser considerado um importante aliado para evitar complicações em pacientes com doenças crônicas respiratórias.
Em geral, as doenças respiratórias tendem a ser mais frequentes no inverno, como crises de asma, bronquite, entre outras. É nessa época do ano também que as pessoas são acometidas por resfriados e gripes, e a COVID-19 pode agravar doenças preexistentes, sendo fundamental utilizar meios para evitar que isso ocorra.
Com base em entrevista com o Dr. Fábio Freire José, especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Médica Brasileira, elaboramos este artigo para esclarecer as principais dúvidas sobre o uso do nebulizador durante a pandemia do novo coronavírus. Acompanhe!
Qual a relação da COVID-19 com as doenças respiratórias?
A COVID-19 tem relação direta com as doenças respiratórias, pois afeta as vias aéreas e provoca sintomas como dores no corpo, congestão e corrimento nasal, dor de garganta, cansaço, tosse seca e febre baixa. Inicialmente, esses sinais podem ser confundidos com alergias, resfriados e gripes comuns.
Em geral, esses sintomas são leves e, em alguns casos, as pessoas acometidas podem nem apresentar sinais. Mas quando a tosse aumenta e ocorre a falta de ar, significa que a doença se agravou e o médico deve ser consultado. Os idosos e pacientes que apresentam pressão alta, problemas cardíacos, diabetes e doenças pulmonares crônicas têm maior probabilidade de sofrer agravamentos.
Segundo o renomado pneumologista russo Aleksandr Chuchalin, a evolução da infecção provocada pelo novo coronavírus pode se desenvolver em 4 fases que apresentam agravamento e ampliação dos sintomas:
- primeira fase — se assemelha a um resfriado comum;
- segunda fase — caracterizada por tosse, febre e surgimento de pneumonia;
- terceira fase — provoca falta de ar devido ao agravamento da pneumonia, sendo necessária a hospitalização para que seja feita ventilação mecânica (intubação);
- quarta fase — ocorre a septicemia, que é um estado de infecção generalizada do organismo, com alto risco de óbito.
Quais são as doenças respiratórias que podem se manifestar no período de pandemia?
Uma das grandes preocupações da comunidade médica é que, além da COVI-19, outras doenças que afetam as vias respiratórias, como rinite, sinusite, asma, bronquite, gripes e resfriados, podem aumentar a sua frequência na época do inverno e se agravar durante a pandemia.
Por esse motivo, é importante ficar atento aos sinais e sintomas dessas doenças, sabendo identificá-las e tratá-las de modo preventivo. Nesse sentido, o uso do nebulizador é um importante método de tratamento que ajuda a melhorar a capacidade respiratória dos pacientes que apresentam doenças crônicas nas vias aéreas, evitando agravamentos.
O nebulizador é um equipamento médico que permite às pessoas com asma ou outra condição respiratória administrarem medicações de maneira rápida e direta nos pulmões. Isso é possível porque o aparelho transforma o remédio líquido em uma névoa fina, para que possa ser inalado por meio de uma máscara facial ou bucal.
Para quais casos o uso de nebulizador é indicado?
Os nebulizadores são aliados importantes para o tratamento de diversas doenças respiratórias como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e fibrose cística. Além de ajudar na administração de medicamentos, esses equipamentos desempenham importantes funções como a umidificação das vias aéreas quando o tempo está muito seco e a expectoração em tosses improdutivas.
Em relação ao uso do nebulizador durante a pandemia, é senso comum entre organizações internacionais de saúde, como as do Reino Unido, Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia,, Fundação para Asma e Alergia da América e Academia Americana de Asma e Imunologia, que os pacientes com doença pulmonar crônica podem ter o quadro agravado com a manifestação do novo coronavírus, caso não seja tratada adequadamente.
Por isso, o tratamento da asma durante o COVID-19 deve ser contínuo, já que a sua interrupção piora os sintomas exigindo hospitalização e aumentando a exposição aos riscos da COVID-19. Nesse sentido, o nebulizador deve ser considerado como um equipamento importante para o controle das doenças respiratórias crônicas.
Como fazer a nebulização corretamente?
De acordo com Dr. Fábio, para os pacientes com suspeita de COVID-19 o nebulizador só pode ser utilizado em ambiente privativo e, se no hospital, em quarto com pressão negativa. A utilização em casa deve ser feita em quarto isolado e as pessoas que convivem devem ficar fora do ambiente da residência por um período de, pelo menos, 3 horas.
A razão para esta recomendação é que o procedimento de nebulização libera aerossóis, que são partículas que ficam suspensas por quase 3 horas e podem escapar mesmo estando em ambiente separado. Assim, esse é um tempo mínimo a ser respeitado para a segurança das pessoas.
Segundo o Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia, o vírus pode persistir em gotículas no ar por 1 a 2 horas. Por isso, as nebulizações feitas em casa por pacientes com suspeita de COVID-19 devem evitar a exposição de outros membros da família. Os locais mais indicados são as garagens, varandas ou pátios para garantir que o ar não seja recirculado na casa e que as superfícies não fiquem contaminadas
Nesse sentido, um artigo do Reino Unido esclarece que o nebulizador por si só não representa riscos de contaminação, pois o aerossol (fluido na câmara do nebulizador) se origina de uma fonte que não é do paciente e, portanto, não carrega as suas partículas virais.
Cuidados com a ventilação do ambiente
É importante atentar para o sistema de ventilação da casa, verificando se há possibilidade de disseminação por meio da ventilação central ou local, como ar-condicionado. O Dr. Fábio observa que o ideal é que a circulação do ar seja feita naturalmente com as janelas abertas e, nos dias mais quentes, com ventiladores.
O médico ainda adverte para “não fazer a nebulização em hipótese alguma se outras pessoas estiverem no ambiente, porque não é sabido se o vírus pode ficar em sistema de ventilação e por quanto tempo”. A propósito, um estudo efetuado por pesquisadores da Universidade da Califórnia e publicado na revista científica “The New England Journal of Medicine” observou o tempo de atividade do vírus em diferentes materiais, como:
- aço inoxidável — 72 horas;
- plástico — 72 horas;
- papelão — 24 horas;
- cobre — 4 horas;
- poeira — 40 minutos;
- partículas aerossolizadas — de 40 minutos a 2 horas e 30 minutos.
Qual a importância de buscar o tratamento adequado?
Todas as doenças respiratórias aumentam a sua frequência na época de inverno e, até o momento, só podemos contar com a vacina para gripe. A vacinação ajuda a reduzir substancialmente as ocorrências de gripe, bem como a sua gravidade. Já para os casos do novo Coronavírus, a comunidade científica ainda está estudando medicamentos para combatê-lo.
Dessa forma, é muito importante se prevenir com a vacina para a gripe para que não seja confundida com a COVID-19. Além disso, a qualquer sinal de febre persistente e dificuldade para respirar, é muito importante buscar ajuda médica.
Nesse sentido, o Dr. Fábio alerta às pessoas para não se automedicarem em hipótese alguma, já que isso pode provocar sérios efeitos colaterais e mascarar sintomas que poderiam sinalizar complicações da COVID-19, dificultando o diagnóstico.
Como vimos, o uso de nebulizador é muito importante para o controle de diversas doenças respiratórias crônicas durante a pandemia da COVID-19, tendo em vista que elas podem se agravar. No entanto, os pacientes com suspeita de contaminação por coronavírus devem observar alguns cuidados importantes ao utilizar o equipamento, conforme comentamos neste artigo.
Gostou de saber sobre o uso de nebulizador durante a pandemia? Amplie os seus conhecimentos lendo outro conteúdo em nosso blog que comenta sobre as doenças respiratórias crônicas!