Determinadas doenças respiratórias que são comuns em seres humanos podem vir a se desenvolver com o tempo de exposição do trabalhador em suas rotinas diárias no serviço. Entre elas, a asma ocupacional é um problema generativo respiratório.
Em 1700, houve o primeiro registro científico que descreve uma enfermidade como essa em trabalhadores na Paduan, na Itália. Bernardino Ramazzini relatou como "De Morbis Artificum", ou seja, Doença dos Artesãos. Os trabalhadores em questão, de armazéns de cereais, apresentaram sintomas como tosse e dispneia, após longas horas de atividade.
De lá para cá, mais relatos foram encontrados, o que acentuou o seu crescimento em diversos países ao longo dos anos. Com isso, foi possível identificar que, em alguns locais, representava entre 26% a 52% dos casos de doenças ocupacionais.
Mas o que realmente pode ser caracterizado como asma ocupacional? O que a difere da forma tradicional que é apresentada? Se você deseja entender mais sobre esse problema recorrente, e evitar que números como esse cresçam ainda mais, continue a leitura do artigo!
O que é asma ocupacional?
Algumas atividades ocupacionais colocam seus colaboradores em exposição a agentes nocivos durante um longo período. A falta do zelo com as equipes de trabalho resulta em diversos problemas de saúde, que são conhecidos como doenças ocupacionais.
Somente no ano de 2017, cerca de 22 mil brasileiros tiveram que ser afastados em decorrência delas. Entre as causadoras de um impacto de mais de R$10 bilhões ao governo federal, está a asma ocupacional.
Esse tipo de doença é caracterizada pelo estreitamento das vias respiratórias em decorrência de rotinas trabalhistas. Os componentes presentes nos locais são inalados pelos trabalhadores e a constante exposição ao fato torna deficiente a respiração do colaborador.
Infelizmente, assim como em diversos países, essa é a principal causa de asma ocupacional no Brasil. Os principais sinais do problema são falta de ar, sensação de pressão no peito, sibilos, respiração bastante ruidosa e tosse. A dificuldade do diagnóstico se deve aos sintomas parecidos com a gripe, como coriza, tosse, espirros e outros.
Como a asma ocupacional se desenvolve?
Antes de tudo, esse profissional necessita ter um diagnóstico, que é realizado a partir de um teste clínico. Além disso, outros tipos de exames podem ser solicitados, a fim de avaliar qual o nível de sensibilidade do organismo para o problema.
Pessoas que nunca desenvolveram a asma podem vir a apresentá-la com o passar do tempo. Os profissionais que são expostos a organismos alérgenos são propensos a ter esse tipo de agravo ocupacional.
A principal causa é a falta de uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como a máscara de proteção respiratória. Sem ela, ocorre a inalação frequente das partículas suspensas nos locais de trabalho e, com passar do tempo, há a obstrução das vias respiratórias, o que compromete a capacidade da respiração, causando a asma ocupacional.
Entre as profissões mais comuns em que se detecta essa exposição estão tratadores de animais, professores em contato com giz, funcionários de armazéns e galpões, de minério e padeiros. Esse último é o mais frequente, o que leva popularmente, em alguns locais, a ser conhecido como “Asma de Padeiro”.
A falta de cuidado e do uso da proteção correta, com o tempo, pode levar não somente ao desenvolvimento do agravo como o afastamento do profissional, uma vez que as crises asmáticas passam a se tornar mais frequentes.
Além disso, outros fatores macroambientais trazem a necessidade de atenção ainda maior. O avanço do impacto da industrialização e a contaminação do ar tornam o problema ainda maior, uma vez que apresentam potencial para o desenvolvimento da asma.
A combinação de asma e poluição é um grande fator de risco para o agravamento do caso clínico do profissional. Entretanto, outros cenários devem ser analisados com atenção para esse grupo de pessoas.
Quais os riscos da asma ocupacional?
A asma é um grande desafio para as pessoas, uma vez que o agravamento das crises, com a somatização da falta de cuidados, pode levar ao óbito. A asma ocupacional não é diferente — pelo contrário, necessita que o portador tenha atenção redobrada, uma vez que é inevitável a exposição ao local causador do problema.
Além disso, aqueles que já contam com uma pré-disposição para doença devem fazer o uso incondicional dos equipamentos de proteção. Pessoas com sensibilidades a partículas alérgenas, além de outras doenças respiratórias — como bronquite, rinite etc. — entram como exemplos a serem considerados.
Outra situação que deve merecer atenção são os cuidados com a prevenção da COVID-19. As pessoas que têm asma de qualquer tipo estão no grupo de risco da pandemia do novo coronavírus. Por isso, devem analisar a necessidade de exposição a locais de trabalho que tenham fatores que levam ao desenvolvimento da doença ocupacional.
Como se prevenir da asma ocupacional?
O primeiro passo é a extinção de poeiras e outros elementos que possibilitem a obstrução das vias respiratórias após a inalação. Em alguns casos, portadores podem apresentar crises graves, mesmo com níveis mais baixos de alergênios veiculados pelo ar.
O uso da máscara e de outros equipamentos individuais de proteção é extremamente pertinente para os casos, sendo na maior parte das vezes obrigatório. Após o diagnóstico, a pessoa deve mudar algumas rotinas de vida e incluir outras para evitar que o problema se agrave.
A bombinha de asma, por exemplo, é item indispensável para o portador. Em caso de crises no locais de trabalho, mesmo com todos os cuidados, ela será indispensável. Seu papel é liberar a oxigenação após a compreensão total. Em alguns casos, é responsável por não deixar que o paciente morra.
A asma ocupacional necessita dos mesmos cuidados que a asma comum. A diferença é que, na maioria das vezes, profissionais não podem abdicar de suas atividades. Mas isso não significa, necessariamente, que está passível de viver em constantes crises.
Tendo maior cuidado, usando a proteção necessária e mantendo seus cuidados de saúde em dia, é possível que essa pessoa viva melhor e consiga manter o equilíbrio necessário em seu trabalho.
Você viu, aqui, qual o real impacto que a doença tem em trabalhadores que não têm a garantia de proteção necessária e acabam se expondo ao ponto de desenvolver a enfermidade. Confira o artigo que explica como conviver com a asma e ter qualidade de vida, mesmo que ela não tenha uma cura.